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sexta-feira, novembro 07, 2014

Manhã seguinte de uma noite que deu errado - I

Ainda na cama, Letícia reconstituía à noite anterior. Tinha brigado com Olívia em um restaurante de gastronomia molecular. Não entendia como tudo terminará tão mal. Há uma semana, os olhos oblíquos verdes de sua amiga convencerá de atravessar a cidade no horário de pico para experimentar uma comida requintada que –– custava caro –– misturava ciência, e, isso a intrigava mais.

De repente nada estava em seu lugar, nem seus cachos. A morena, confusa, pegou o celular e começou a digitar o número de sua amiga, mas parou nos dois finais, não ia adiantar, nada iria. "Ah, que diabos. Queria estar morta", exclamou Letícia. Jogou o smartphone do outro lado da cama, onde se revirava sem parar.

No bairro da Saúde, Olívia tinha os olhos borrados de maquiagem e lágrimas, mas continuava no quarto escuro, abraçada ao travesseiro. A questão ali, era como uma garrafa de vinho podia ter jogado à tona todas aquelas palavras na cara doce de sua amiga. Quando conversou com Letícia para marcar aquele jantar a intenção era comemorar e não enlouquecer.

As horas do sábado passavam rapidamente, porém, pareciam uma eternidade para o corpo cheio de curvas de Letícia, que ainda estava na cama coberto com o edredom roxo no calor de 35 graus, do bairro Bela Vista.

"Caralho, por que eu tinha que ser tão escrota?", resmungava Olívia enquanto a água percorria seu rosto no banho. Sentia um gosto amargo na boca, mas não era dos cigarros da noite anterior, e sim, de remorço por ter jogado um fardo maior que os ombros pequenos da morena podiam carregar.   





   

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